Se
o Ministério dos Portos realmente assinar a partir deste ano contratos de
gestão com as Companhias Docas do Brasil para monitoramento de seus resultados
sob supervisão do Movimento Brasil Competitivo, uma ONG fundada pelo mega
empresário do aço Jorge Gerdau, a grande pergunta é como a Codern, que
administra o Porto de Natal, pretende se tornar um terminal competitivo a curto
prazo.
A
informação, publicada no site especializado Porto & Navios, acrescenta que
diretorias inteiras de portos federais poderiam ser até demitidas caso não
cumprissem metas de desempenho estabelecidas. A Brasil Competitivo vem
produzindo trabalhos para Ministérios, governos estaduais e em abril assinou um
termo de cooperação com a Prefeitura de Natal.
Sem
a base de abastecimento de navios de Santos Reis, desativada pela Petrobras no
fim do ano passado, e impossibilitada de transitar com embarcações após as 17
horas pela Capitania dos Portos para evitar possíveis acidentes na ponte Newton
Navarro, construída sem as defensas, as condições competitivas do porto de
Natal são, no mínimo, extremante vulneráveis.
Segundo
informa o site especializado, o Ministério dos Portos pretende assinar esse
contrato com o maior número possível das 18 Companhias Docas espalhado pelo
país, começando provavelmente pela Codesp (responsável pelo porto de Santos),
CDRJ (Rio e Itaguaí) e CDP (Pará). Não se sabe ainda se a Codern ficaria de
fora desse pacto e, nesse caso, quais seriam os impactos disso para o acesso a
futuros repasses federais. Extra-oficialmente, sabe-se apenas que a construção
do quarto berço do porto de Natal está adiada.
Segundo
o site Portos & Navios, quatro ministérios – Casa Civil, Fazenda,
Planejamento e Secretaria de Portos – discutem as metas a serem fixadas às
diretorias das Companhias Docas. Uma das ideias seria fazer uma avaliação
trimestral dos compromissos assumidos pelos diretores dos portos organizados.
“Se
houver descumprimento seguido, os executivos terão que se explicar formalmente
ao governo, de forma parecida ao que já ocorre com o sistema de metas de
inflação. Nesse caso, se a inflação fica acima do intervalo máximo da meta, o
Banco Central é obrigado a enviar uma carta pública ao Ministério da Fazenda”,
diz o site.
Segundo
a fonte, as metas que estão sendo discutidas variam da execução orçamentária
das Docas às filas de caminhões que tentam acessar os terminais, um problema
que nunca é experimentado no porto de Natal, apesar do restrito acesso pelas
ruas do bairro da Ribeira. “Devem ser incluídos compromissos como a implantação
de sistemas de informática, planejamento estratégico para a expansão portuária
e o regime de funcionamento do Conaportos – comissão que reúne todas as
autoridades públicas de um porto, como Receita Federal e Vigiagro”, diz o site
especializado.
Uma
pesquisa recente mostrou que a Companhia Docas do Rio Grande do Norte,
administradora dos portos de Natal, Maceió e o Terminal Salineiro de Areia
Branca, teve a menor dotação autorizada para 2013, segundo o site Contas
Abertas – R$ 68,8 milhões – e mesmo assim desembolsou apenas o equivalente a
1,6% do previsto para o ano – R$ 1,1 milhão graças à construção do Terminal
Marítimo de Passageiros.
Esse,
porém, não foi um problema exclusivo da Codern. Segundo o Contas Abertas, nos
dois primeiros meses do ano, três das sete Companhias Docas ligadas à
Secretaria de Portos da Presidência da República, não realizaram investimentos,
deixando parado algo ao redor de R$ 735,9 milhões entre janeiro e fevereiro.
Esses dados estão no último relatório sobre as aplicações das empresas estatais.
Agora,
depois da votação com vetos da chamada MP dos Portos, o Governo Federal aperta
o cerco contra os portos federais.
No
fim das contas, das sete companhias que realizaram investimentos em janeiro e
fevereiro, juntas elas executaram apenas
1,8% da dotação autorizada, de R$ 1,5 bilhão, ou seja, R$ 26,4 milhões.
No
caso da vizinha Companhia Docas do Ceará (CDC), que administra o porto de
Fortaleza, só 4,9% do esperado para o ano foi gasto. Dos R$ 113,2 milhões
autorizados, R$ 5,5 milhões foram investidos, detalha o site Contas Abertas.
Os
contratos de gestão com essas estatais já faziam parte da lista de
recomendações do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP), encomendado pelo
governo à Universidade Federal de Santa Catarina e ao porto de Roterdã, que
serviu de base para o pacote de reforma do setor, anunciado em dezembro pela
presidente Dilma Rousseff.
Outro
estudo, feito pela consultoria Booz & Co, sob encomenda do BNDES, ainda
segundo o site Portos & Navios, detectou passivos bilionários e má gestão
financeira como entraves para a modernização das Companhias Docas. “O choque de
administração nessas estatais é uma das próximas intervenções do governo no
sistema portuário, após a novela em torno da Lei dos Portos, sancionada pela
presidente Dilma”, garante a fonte.
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