Assim como o homônimo frade
italiano e santo católico, no século 13, o menino Francisco de Assis de Dantas
era um irrequieto e curioso aluno do Colégio Marista de Natal, nos idos de
1964. Enquanto professores apresentavam o mundo através de livros, ele
observava a natureza com o desejo de compreender o funcionamento daquela força
soberana. Daí surgiu o interesse de aplicar conhecimentos recém-adquiridos em
sala de aula. A Física foi sua escolha. Desde então, mecânica e eletricidade
entraram em seu cotidiano e uma série de experimentos foi testada. O principal
deles, já aprovado, foi exposto na última edição da Casa Cor, evento de arte,
arquitetura, decoração, paisagismo, turismo e gastronomia. Foi ali, entre
chaises, quadros e menu-degustação, que a abordagem de um instituto de
radiologia chamou atenção para uma de suas criações: um elevador autosuficiente
que dispensa o uso de energia elétrica, em caso de pane na rede. Uma bateria de
carro, um conversor de tensão e um inversor de freqüência funcionam em conjunto
no artefato inédito no país.
“A idéia surgiu da necessidade
da vários casos de Síndrome do Pânico em pessoas que ficam presas em elevador.
Muita gente tem medo e passa mal se ficar minutos ali dentro. Com esse
mecanismo, ele pode ter certeza de que está seguro, que não terá problema
algum, porque, mesmo com gerador, que custa dez vezes mais, ele tem que esperar
um tempo para a porta abrir. Com o elevador autosuficiente, ele nem sentirá que
faltou energia”. O custo de cada unidade varia entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
“Depende do tamanho da bateria que for usada. Para um elevador simples, basta
uma de 150 ampêres, que dura até 24 horas. O maior que conseguimos fazer é um
que tem autonomia para até dois dias”. Segundo Francisco de Assis, o
experimento surgiu em seis meses de pesquisas, em que viagens à Alemanha e à
São Paulo facilitaram o intercâmbio com outros pesquisadores. As encomendas
ultrapassam duas dezenas. “Tenho 30 equipamentos em casa e posso preparar
outros tantos, rapidamente. Clínicas e centros cirúrgicos são quem tem mais me
procurado”.
Para juntar as três peças, que
ficam acopladas no poço da estrutura de um elevador normal, Francisco de Assis
gastou em torno de R$ 50 mil do próprio bolso. “E ele pode ser usado em uma
casa comum também. Lembrando que é só em caso de falta de energia, pois a
bateria precisa dela para ser carregada. Mais ou menos como um aparelho de
celular”. A bateria fornece a energia; o conversor transforma a corrente
contínua desta bateria em alternada, comum em residências, ao elevar a
capacidade de 12 volts para 220 volts; e o inversor de freqüência nivela as
ondas senoidais e as transformam em ondas senoides modificadas, como uma
estabilização de variações utilizadas em eletrodomésticos e eletroeletrônicos.
“Isso tudo parece complicado, mas é uma coisa simples dentro da física. O
importante é a garantia de que o elevador continuará funcionando se faltar
energia e nenhuma potência ou força será alterada”.
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